segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A máquina da fama

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"No meio de todo o ruído produzido pelo jardim zoológico do sensacionalismo mediático, do voyeurismo colectivo e da mexeriquice arfante em redor do bárbaro assassínio de Carlos Castro, convinha pararmos um pouco para reflectirmos sobre esta obsessão da fama que atravessa a sociedade portuguesa, e que é atiçada muito especialmente pelas televisões.

Com os seus programas de transformação eufórica e acelerada de completos anónimos em "ídolos", em vedetas, em "famosos", em top models ou outros top quaisquer, os seus reality shows de exposição constante, intensa e indecorosa de concorrentes tão inconscientes como desprotegidos, uns e outros feitos carne para canhão de uma batalha pelas audiências que assume proporções cada vez mais agressivas e chocantes, as televisões têm contribuído de forma maciça para a criação, disseminação e vulgarização desta perversa ideologia da fama, desta pindérica subcultura da celebridade, ajudadas pela proliferação da imprensa "cor-de-rosa".

Esta fama é precária e está presa por fios, é tosca e efémera. Os que a atingem estão sujeitos a ser rapidamente esquecidos, ridicularizados e até mesmo execrados pelos que os promoveram, aclamaram e plebiscitaram. Porque a lógica da "máquina de famosos" é triturar depois de aclamar.
Ou até mesmo muito antes disso, como se acaba de ver pelo crime de que toda a gente fala."

Eurico de Barros
in "Diário de Notícias", 15 de Janeiro de 2011.

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