sábado, 30 de abril de 2011

Alvorada Desfeita

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Alvorada Desfeita
Diogo de Andrade
Izi Press
400 Páginas

E se a Revolução do 25 de Abril tivesse falhado?
Quem tenha da História uma visão estreitamente determinista, achará que a ruptura revolucionária que teve lugar deveria deflagrar, irremediavelmente e com as mesmas características, naquele exacto momento ou noutro imediatamente posterior. Não há, contudo, desfechos inevitáveis. A História, se bem que movida por condicionantes estruturais é, sobretudo, feita por obra do Homem e influenciada por eventos fortuitos.
A ficção alternativa, também conhecida no universo anglo-saxónico por "what if…", história virtual ou "contra-factual", parte de um conjunto de factos reais, mas supõe a inclusão de outros eventos, deliberadamente figurados, mas razoavelmente verosímeis em face das variáveis humanas e políticas da época, que implicam uma alteração do rumo da História.
É essa outra história que este romance procura explorar.

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sexta-feira, 29 de abril de 2011

«Uma Comunidade sem alma e sem força»

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«A Comunidade Europeia que nos preparam os partidos colocados no seu lugar pelos Aliados em 1945 reproduzirá todas as taras dos regimes de sufrágio. Será portanto uma Europa democrática, isto é, uma Europa dos políticos, enfeudada aos trusts e aos monopólios, alimentada com mitos e confusões elaborados em 1945, incapaz de se defender contras as infiltrações e a subversão (...), venal e desonesta porque estará fundada no mecanismo eleitoral, impotente contra a invasão estrangeira, vestida de ideologias antiquadas como o antifascismo, imprópria por todas estas razões para proteger e, ainda menos, manifestar a sua independência, tão inviável como era a Polónia do século XVII, e exposta aos mesmos perigos.
Além disso “avançada”, isto é, frouxa, hipnotizada pelos estoira-vergas que se proclamam mais avançados que ela, sem defesa contra os terroristas e os separatistas, espantados com a ideia de ser aquilo que convém ser quando se quer ter, em política, uma força. Por todas estas razões, a Comunidade europeia democrática conduz em si própria todas as causas de malogro e decadência, não conseguirá, pois, remediar as necessidades mais urgentes, organizar um exército que seja suficiente para tornar perigosa uma empresa contra o seu território e dotar-se de uma legislação que proteja eficazmente os seus interesses económicos.
Podemos, pois, estar seguros de que a “Comunidade” dos regimes sem alma e sem força será, ela própria, uma Comunidade sem alma e sem força. A Comunidade europeia democrática não produzirá qualquer milagre: não pode ser senão a das fraquezas dos Estados democráticos que a compõem.»

Maurice Bardèche

Sergio Ramelli, presente!

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Corriam em Itália os "anos de chumbo" quando, a 13 de Março de 1975, Sergio Ramelli — um jovem militante do Fronte della Gioventù de 19 anos, estudante de Química Industrial em Milão — chegava a casa depois de estacionar a vespa em que se fazia transportar. Aí chegado, foi agredido por um grupo de jovens ligados ao movimento Avanguardia Operaia e armados com chaves inglesas. Resultou o episódio em múltiplas fracturas expostas, traumatismo craniano com fracturas locais e estado comatoso. Nas semanas que se seguiram, Sergio Ramelli alternou longos períodos de inconsciência com breves momentos de lucidez, vindo a morrer no dia 29 de Abril.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O mundo mergulha numa era de conflitos

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"Para quem esperava por fim uma paz generalizada, deve constituir uma ilusão voltar a pôr os pés na terra. Os conflitos armados não desapareceram com a queda do Muro de Berlim e muito menos com a entrada do milénio. Robert D. Kaplan anunciou que entrávamos num período de anarquia mundial no livro "The Coming Anarchy". Escrevia então no ano 2000: a reformulação do atlas só agora começa. As guerras, as matanças em massa, eram apenas prelúdios para o desaparecimento de países inteiros devorados por conflitos ou afundados pela economia.
É certo que os conflitos regionais se intensificaram e reorganizaram no espaço e hoje está em efervescência toda a África do Norte, que contamina o Levante. A Leste da Europa as democracias novas têm grandes dificuldades em assegurar a ordem e pode-se calcular um destino semelhante ao dos Balcãs para elas, com a agravante que se encontram nas costas do gigante russo.
O próprio gigante russo, segundo Alexander Duguine em "Le Paradigme de la Fin", aponta que o conflito de culturas não é de ignorar e que a Rússia deverá lembrar a sua natureza asiática e europeia, o que preludia pressões sobre numerosos Estado saídos da URSS na Europa.
O investigador sénior do ICS, José Manuel Rolo escreveu um estudo significativo sobre a produção e venda de armas no mundo, intitulado "O Regresso às Armas", onde explana a globalização da produção de armas, a intensificação na utilização de uma nova categoria de armas mais letais, e a operacionalização de sistemas/plataformas de armas para o desempenho de determinados objectivos. O envolvimento das grandes potências e da China neste jogo perigoso torna o mundo mais débil e a segurança uma invenção para todos.
Não foi preciso Samuel Huntington e o seu "Choque de Civilizações" para se ter a noção que a deriva do Globo era para a acentuação dos conflitos e das guerras, sem que as organizações humanitárias possam fazes mais do que já fazem, ou seja, agravá-los.
Colin S. Gray, um profícuo estratega e escritor de assuntos militares, geopolíticos e estratégicos deixou num livro o seu pensamento bem claro. Trata-se de "La Guerre au XXI Siècle. Um nouveau siècle de feu et de sang". Aqui este especialista internacional explica que o século XXI vai ser um pouco pior que o precedente. Como a natureza da guerra não muda, o nosso mundo produzirá guerras brutais como o século anterior e com a impunidade que dá a surpresa estratégica. Este conselheiro do Governo Britânico e Americano nega que haja previsibilidade de conflitos e que possa eliminar uma actividade que faz parte integrante da natureza da cultura humana. A história só pode ensinar que ele tem razão porque ela mesma narra a sucessão de guerras desde o princípio que foram refazendo a face do globo.
Podemos lamentar que assim seja, mas nem a Europa Comunitária está ao abrigo de conflitos indentitários, de disputas futuras de fronteiras contestadas desde o seu primitivo desenho. O acesso a minas, passagens na montanha, corredores para o mar, fronteiras históricas, necessidades de migração são outros tantos motivos para desencadear ofensivas que começam normalmente com os fortes absorverem os fracos e a dirigi-los para outro caminho.

Um mundo seguro?
Só nas utopias mais elegantes é que o mundo é seguro e esses mundos costumam ser grandes ditaduras. O mundo sempre foi inseguro e não há copyrights de estabelecimento permanente no Globo. Em tempos afastados Anatoli Rapoport escreveu "Fight, Games and Debates", retomado por Karl Deutsch, na sua "The Analyses of International Relations", onde o inclui num capítulo sobre teoria dos jogos e análise de conflitos, a part de outros autores como Thomas Schelling e von Neumann. Os autores entendiam que os Estados do mundo estavam num jogo de várias saídas: a colaboração ou o enfrentamento. Mas como foi provado pelo "Dilema do Prisioneiro" (A. Rapoport), as pessoas e o estado preferem a colisão directa. A primeira missão do Estado é continuar a assegurar a sua presença no jogo. Muitos Estados ao longo dos séculos até ao nosso falharam rotundamente: saíram do jogo. Outros foram repostos no jogo por entidades mais poderosas a quem convinha que estivessem no jogo: viu-se ao fim das duas guerras Mundiais e da Guerra Fria. Os Estados com mais êxito, desde que entraram no jogo, continuam no jogo somando ou perdendo pontos, até serem afastados.
Para estas tarefas de estar em jogo o Estado conta com uma elite dirigente, com a Economia e com o aparelho de força. Se aqui existirem brechas ou menor adestramento, o Estado é vulnerável a ataques e falível nas suas decisões. Se contar com uma elite dirigente de vistas curtas, pior ainda porque esta faz de conta que não tem poder ou que tem muito, passando o bluff por realidade.
Neste esquemático desenho o mundo não é seguro porque está sempre em jogo e a qualquer momentos há jogadas inesperadas, que colhem de surpresa os outros, não lhes dando tempo para pensar e reagir racionalmente. É por isso que o facto tempo, que permite escolhas pensadas, não se pode aplicar, e antes é de prever que uma elite experimentada é mais importante que imbecis com graus académicos ínfimos.
Não admira as contradições em que cai a elite dirigente, as mentiras que produz, os enganos que logra impingir, porque ela própria é enganada nos centros que frequenta e intoxicada a tomar decisões a favor de outros planeadores. E a Europa não é diferente. Talvez seja um dos mais antigos espaços em que este jogo diplomático das relações internacionais se joga por inteiro. Dá.nos conta agora em 2011 Jacques Alain de Sédouy, antigo embaixador francês e representante em Bruxelas, de um pequeno jogo em que se considerou útil existir uma Europa. Trata esse tema no bem documentado livro "Aux Origines de L'Europe 1814-1914". O facto é que ninguém deu nada a ninguém porque se tratava de punir a França e repartir despojos. Mas a França, passados anos, já reentrava no jogo europeu com outro estatuto melhorado, que aquele que lhe deixara as aventuras pesadas de Napoleão Bonaparte.
Assim tudo indica que os Estados devem cuidar-se e não esperar dos outros aquilo que precisam com urgência. Este mundo não está fundado na Misericórdia Divina, mas na racionalidade e no realismo das decisões. Ninguém dá nada a ninguém. Note-se, mesmo dinheiro, como parecem pensar os portugueses. Hoje em dia não há crédito para pagar vícios de pobres. Isso só no Estado do Alasca. Quem quiser correr o risco, peça o visto e vá para lá."

António Marques Bessa
in O Diabo, n.º 1788, 5 de Abril de 2011.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Quem vos conhecer que vos compre

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"Acho muita graça ver o PCP e o Bloco de Esquerda preocupadíssimos e assanhadíssimos com o estado da economia e os destinos de Portugal nestes tempos de crise negra, cerrada e acelerada, e ouvir Jerónimo de Sousa a falar em "política patriótica" (esta faz-me logo lembrar a "grande guerra patriótica de Estaline).
Vivemos, infelizmente, num país cada vez mais desmemoriado, com uma capacidade colectiva de recordação que não ultrapassa os acontecimentos de há uma meia-dúzia de dias.
Eu, que nasci abençoado (ou amaldiçoado, segundo o ponto de vista...) com uma memória elefantina, recordo-me perfeitamente da forma como logo depois do 25 de Abril, e com auge no PREC (para os mais jovens ou falhos de memória: o PREC não é uma variante do PEC, era o Processo Revolucionário em Curso em 1974 e 1975), o PCP e alguma da extrema-esquerda que se converteu ao jogo democrático e se agrega no Bloco de Esquerda se empenharam no assalto ao poder em Portugal, e na destruição escancarada, cega e selvática da economia nacional, em nome do "caminho para o socialismo", da "revolução proletária e de massas" e de outro "lixo de teorias simpáticas", como disse Fernando Pessoa. A mesma economia pela qual agora batem no peito, proferem piedades indignadas e afirmam ter propostas, políticas, receitas e soluções para consertar.
Mil vezes ter à frente da economia portuguesa um ultraliberal, do que qualquer figurão dos partidos que no PREC quase a reduziram a estilhas. Mas isto digo eu, que tenho uma memória elefantina, e hoje acordei mais do contra do que é costume."

Eurico de Barros
in Diário de Notícias, 9 de Abril de 2011.

Pound

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Saudação

Oh geração dos afectados consumados
e consumadamente deslocados,
Tenho visto pescadores em piqueniques ao sol,
Tenho-os visto, com suas famílias mal-amanhadas,
Tenho visto seus sorrisos transbordantes de dentes
e escutado seus risos desengraçados.
E eu sou mais feliz que vós,
E eles eram mais felizes do que eu;
E os peixes nadam no lago
e não possuem nem o que vestir.

Ezra Pound
(Tradução de Mário Faustino)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Esta é a Nossa Gente!

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Um contra-senso

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"A Democracia declara que o Poder reside na multidão. Formularemos, então, o seguinte dilema: ou a multidão é, ao mesmo tempo, governante e governada (e logo se vê que isto é contra a razão e totalmente impossível na prática) — ou a multidão delega o governo de qualquer maneira, indicando, ela própria, quem deve governá-la.
Mas, nesta segunda solução, encontra-se já a condenação da Democracia. A Democracia pura passa a não existir. O seu primeiro gesto é renegar-se a si mesma. Já não é a multidão, o povo, quem governa. «Nesse momento, pois, a soberania, deslocada do eleitorado para os seus representantes, sem possibilidade de uma fiscalização eficaz por parte daquele no seu modo de exercício, será assim, já não a vontade do povo mas apenas a de uma aristocracia casual e momentaneamente constituída» — demonstrou, muito bem, o Professor da Universidade de Coimbra, Doutor Luís Cabral de Moncada.
A Soberania do Povo foi sempre um logro. Soberano — dizem-lhe — por intermédio dos seus delegados. Esses delegados, escolhidos nos centros partidários, não são mais do que agentes de certas facções, cujo fim determinante é o assalto ao Poder. E assim, em nome da soberania popular, tem lugar a mais hipócrita e astuciosa soberania dos partidos.
Nem admira. O ponto de partida, quimérico e perigoso, havia de produzir estas consequências...
Logo, a Democracia, baseando-se na atribuição do Poder à multidão, que nunca o chega a exercer de facto — é um contra-senso."

João Ameal
in «Integralismo Lusitano — Estudos Portugueses», 1932.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Esta é a tua vida

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"O clube de combate não é futebol pela televisão. Não estás a ver um grupo de homens que não conheces num canto longínquo do mundo, a bater uns nos outros ao vivo, via satélite, com um atraso de dois minutos, anúncios a impingirem-nos cerveja de dez em dez minutos e uma pausa para que a estação se identifique. Depois de se ter estado num clube de combate, ver futebol na televisão é a mesma coisa do que te pores a ver pornografia quando podias estar a gozar uma sessão de sexo bestial."

Chuck Palahniuk
in "Clube de Combate", Casa das Letras.

Recusa e dádiva

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"A Juventude é lealdade e claridade, alegria, confiança. Por isso ela não teme ser apaixonada e dizer, em alta voz de bom timbre, as verdades puras e luminosas, dizê-las vibrantemente ou de modo risonho, dizê-las como o saudável e agreste e ingénuo florescer das montanhas, como o implacável jorrar das fontes. A juventude é insolente, derruba os acomodamentos ou os disfarces. Ela só sabe o que deve à sua função de criar e renovar. E assim ela bem sabe que se deve ao que nos livra da estaticidade, da mesquinhez e do egoísmo. A Juventude é recusa e dádiva. Recusa a compromissos dúbios e facilitadores, a comodismos e a auto-suficiência ou auto-satisfação, recusa à separação e à mediania. E é dádiva: ao que nos transcende, ao que nos realiza, ao que é belo e verdadeiro e justo e ascendente; é dádiva à acção e ao amor, ao ideal e à claridade, à luta e à insatisfação, à amizade e à comunidade. A Juventude é criação perpétua."

Goulart Nogueira

domingo, 10 de abril de 2011

Cada época tem os heróis que merece

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"Como é possível definir como «homem de acção» quem, no seu trabalho de gestor, faz cento e vinte telefonemas por dia para vencer a concorrência? É um homem de acção aquele que é louvado porque aumenta os ganhos da própria empresa, viajando para os países subdesenvolvidos e aproveitando-se dos seus habitantes? Na nossa época são geralmente estes vulgares dejectos sociais a serem julgados homens de acção. Atolados nesta sujidade estamos obrigados a assistir à decadência e à morte do modelo de Herói, que exala já um fétido odor."

Yukio Mishima
in "Introduzione alla Filosofia dell'Azione", Feltrinelli, 1990-2006, p. 109.

Méridien Zéro e Mabire

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Esta semana, o programa Méridien Zéro é dedicado a Jean Mabire, escritor, jornalista e crítico literário francês, falecido a 29 de Março de 2006. Autor de uma extensa obra com mais de cem livros, dedicada a temas como a História militar, o paganismo, a literatura e a História da Europa, Mabire notabilizou-se também pela defesa da região normanda e da Europa. Como é habitual, a emissão tem início às 22 horas portuguesas e pode ser escutada através da Radio Bandiera Nera.

sábado, 9 de abril de 2011

A Voz dos Deuses

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A Voz dos Deuses
João Aguiar
Leya
336 Páginas

Em 147 a.C., alguns milhares de guerreiros lusitanos encontram-se cercados pelas tropas do pretor Caio Vetílio. Em princípio, trata-se apenas de mais um episódio da guerra que a República Romana trava há longos anos para se apoderar da Península Ibérica. Mas os Lusitanos, acossados pelo inimigo, elegem um dos seus e entregam-lhe o comando supremo. Esse homem, que durante sete anos vai ser o pesadelo de Roma, chama-se Viriato. Entre 147 e 139, ano em que foi assassinado, Viriato derrotou sucessivos exércitos romanos, levou à revolta grande parte dos povos ibéricos e foi o responsável pelo início da célebre Guerra de Numância.
Viriato foi um verdadeiro génio militar, político e diplomático.
Mas, sobretudo, foi o defensor de um mundo que morria asfixiado pelo poderio romano: o mundo em que mergulham as raízes mais profundas de Portugal e de Espanha. É esse mundo, já então em declínio, que este livro tenta evocar.

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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Um novo e mais perigoso inimigo

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"Eu tenho um sonho. É que um dia um realizador português faça um filme sobre a corrupção em Portugal como Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro, de José Padilha. Claro que em Portugal não há a violência endémica e fácil do Brasil, que cada país é corrupto à medida das respectivas proporções e que a massa crítica de ambos é abissalmente diferente. Além disso, o cinema brasileiro tem o dinheiro da Petrobras, enquanto cá, da Galp não pinga nada. Mas apesar destas diferenças e distâncias, a organização das mafias, a promiscuidade entre a classe política e os grupos de interesse e as características dos esquemas são muito parecidas nos dois países. Só que enquanto o cinema português passa ao lado da actualidade e dos seus efeitos no quotidiano, o cinema brasileiro mergulha nela de cabeça. Em Tropa de Elite 2, o agora coronel Nascimento (óptimo e cada vez mais taciturno Wagner Moura) já não tem as funções de operacional do BOPE que acabou com o tráfico de droga nas favelas, e trocou a farda pelo fato e gravata exigidos a quem trabalha na Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Aí, ele constata que o "sistema" é pior do que a hidra da mitologia: quando se lhe corta uma cabeça, nascem logo mais duas ou três. Os corruptos da Polícia Militar tomaram o lugar dos traficantes nos morros, adoptaram o discurso de fachada da "protecção da comunidade" e juntaram-se ao políticos vendidos, oferecendo votos em troca de favores e de impunidade. Armado de um realismo impenitente, uma dureza narrativa e uma capacidade de denúncia que não excluem o (ácido) sentido de humor, aliadas a uma câmara que fez a recruta no BOPE, José Padilha assina uma Parte 2 tão boa como o filme original, e mostra como o "sistema" é precisamente aquilo que Nascimento lhe chama."

Eurico de Barros
in Diário de Notícias, 7 de Abril de 2011.

Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro

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A necessidade contra a vida

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"O espectáculo é a ideologia por excelência, porque expõe e manifesta na sua plenitude a essência de qualquer sistema ideológico: o empobrecimento, a submissão e a negação da vida real. O espectáculo é, materialmente, «a expressão da separação e do afastamento entre o homem e o homem». O «novo poderio do embuste» que se concentrou aí tem a sua base nesta produção pela qual «com a massa dos objectos cresce... o novo domínio dos seres estranhos aos quais o homem está submetido». É o estádio supremo duma expansão que virou a necessidade contra a vida."

Guy Debord
in "A Sociedade do Espectáculo" (1967).

quinta-feira, 7 de abril de 2011

"Salazar e a Revolução em Portugal"

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"Ignorada até recentemente pela larga maioria dos portugueses, a obra “Salazar e a Revolução em Portugal”, da autoria de Mircea Eliade, foi finalmente traduzida para português e editada pela chancela Esfera do Caos, trazendo a lume um dos mais apaixonantes retratos do nosso estadista, do Portugal do seu tempo e dos acontecimentos que o conduziram ao poder.

Mircea Eliade dispensa qualquer tipo de apresentação. Distinto e pluridisciplinar intelectual de origem romena, destacou-se como um dos principais pensadores do séc. XX, não obstante as suas simpatias por quadrantes mais tradicionais e conservadores da política, tendo o seu nome ficado para sempre associado à Guarda de Ferro, o célebre Movimento Legionário romeno liderado pelo seu compatriota Corneliu Codreanu. Autor de obras fundamentais como “Mito do Eterno Retorno”, “Aspectos do Mito”, “Do Sagrado e do Profano”, “Tratado da História das Religiões”, entre outras, destacou-se como um dos mais proeminentes historiadores de religiões comparadas, tendo igualmente publicado variadíssimas obras de ficção.
Em Fevereiro de 1941 chegou a Lisboa onde investiu as funções de adido cultural na Embaixada da Roménia. Em Portugal interessou-se desde cedo pela história e cultura portuguesa, relacionando-se com algumas das mais proeminentes personalidades de então como, por exemplo, António Ferro, João Ameal ou Alfredo Pimenta, considerado por ele no seu diário “o homem mais sábio de Portugal”. Com a Europa em chamas e a vizinha Espanha ainda dilacerada pelos nefastos resultados de uma violentíssima guerra civil, Portugal perfilava-se diante de Mircea Eliade como um autêntico éden, contrariamente à sua pátria, primeiramente subjugada pela influência alemã e posteriormente invadida e dominada pela União Soviética.
O estado de graça encontrado em Portugal aquando da sua chegada explicará o natural fascínio do autor pelas políticas do Estado Novo, bem como pelo seu líder António de Oliveira Salazar, factor conducente à redacção de “Salazar si Revolutia din Portugalia”, título original de “Salazar e a Revolução em Portugal”.
Editado em Bucareste no ano de 1942, numa exasperada tentativa de mostrar na vitória portuguesa do advento estado-novista um exemplo de um modelo político, social e espiritual a seguir pelos romenos, este livro relata de uma forma esclarecida o percurso histórico de Portugal, desde os tempos do pombalismo, passando pelo conturbado séc. XIX, o regicídio, a ascensão e queda da I República, até ao volte-face iniciado com a revolução de 28 de Maio de 1926 e materializado com a edificação do Estado Novo. Destaca-se nesta obra, para além do cuidado e rigor do retrato histórico, a análise espiritual da acção governativa de Salazar, em análoga sincronia com o arquétipo português.
Após a edição de “Diário Português” em 2008, chega o momento de ser editada em português mais uma obra inédita de Mircea Eliade. “Salazar e a Revolução em Portugal” torna pública a sua visão apaixonada por um Portugal que conheceu de perto, numa edição traduzida do romeno por Anca Milu-Vaidesegan, contando com uma apresentação de Sorin Alexandescu, sobrinho do autor, assim como com um interessante estudo introdutório de Carlos Leone (FCSH – UNL), José Eduardo Franco (CLEPUL – FLUL) e Rosa Fina (CLEPUL – FLUL). À imagem de “Como se levanta um Estado”, livro encomendado ao próprio António de Oliveira Salazar por uma editora francesa em 1936, esta obra assume hoje um papel fundamental na compreensão e percepção da real dimensão mitificada do Portugal estado-novista durante a belle époque daquele regime, numa perspectiva claramente orientada do interior para o exterior."

José Almeida
in "O Diabo", n.º1788, 5 de Abril de 2011.

Uma utopia

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"Na verdade, o indivíduo — no sentido absoluto que os profetas revolucionários lhe deram — não existe. Pertence, sempre, a uma família, a uma profissão, a uma divisão do território — a um grupo natural ou social. Uma sociedade sem órgãos sociais é inconcebível. Ora, organizar uma sociedade é distribuir, dentro dela, as várias funções, os vários deveres, as várias tarefas. É, portanto, — hierarquizar.
O indivíduo — acentuamos de novo — socialmente, só existe como elemento daqueles órgãos de que a Sociedade se compõe. No seio do seu grupo, ao qual está ligado pelo sangue (família), pela formação técnica (profissão), pela naturalidade (região) — o indivíduo poderá viver, progredir, valorizar-se. Fora do grupo, é apenas um factor de desordem, uma figura inútil — uma ficção lamentável.
Logo, a Democracia, baseando-se no falso conceito do indivíduo-isolado — é uma utopia."

João Ameal
in «Integralismo Lusitano — Estudos Portugueses», 1932.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Esta é a Nossa Gente!

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Assemelhava-se à eficácia do cancro

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"Nos anos 80 e 90, assistiu-se nos Estados Unidos a uma conversão de bens públicos em luxos privados, ao empobrecimento do domínio cívico e, para falar com franqueza, à violação da paisagem — um enorme empreendimento entrópico que foi a fase culminante dos subúrbios. O segredo sujo da economia americana dos anos 90 consistia no facto de estar reduzida à criação da expansão suburbana e ao fornecimento, equipamento e financiamento dessa actividade. Assemelhava-se à eficácia do cancro. Nada mais interessava realmente a não ser a construção de habitações suburbanas, a negociação de hipotecas, a venda de grande número de automóveis de que os habitantes precisavam, a transformação das ruas em auto-estradas com toda a infra-estrutura comercial necessária e o transporte de enormes quantidades de mercadoria feita na China, por um preço baixíssimo, para encher essas casas."

James Howard Kunstler
in "O Fim do Petróleo - O Grande Desafio do Século XXI", Bizâncio, 2006.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Boletim Evoliano #12

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O tendeiro da esquina

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«— (...) Entre outras coisas, o princípio da igualdade que com tanto brilho o nosso companheiro de tertúlia defende, deixa-me frio. E já que fala no assunto, digo-lhe que prefiro ser governado por César ou Bonaparte, que posso sempre tentar assassinar se não me agradarem, a ver decidirem-se as minhas preferências, costumes e companhias pelo voto do tendeiro da esquina... O drama do nosso século, don Marcelino, é a falta de génio; que só é comparável à falta de coragem e à falta de bom gosto. Isso deve-se, com certeza, à irrefreável ascensão dos tendeiros de todas as esquinas da Europa.»

Arturo Pérez-Reverte
in "O Mestre de Esgrima", Edições Asa.

Dia d'O Diabo

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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Flandres Nacional-Solidarista

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Nação e Tradição

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«— Pátria para sempre passada, memória quase perdida!
Pois para que não o seja é que nós voltamos ao mais alto exercício do nosso dever de portugueses, que não é senão o de promover entre nós uma restauração da Inteligência. Dum e doutro lado da trincheira em que Portugal se corta de cima a baixo, pululam, numa inconsciência torpe de arraial, os mesmos bonecos, os mesmos postiços, cuja genealogia Eça de Queiroz nos traçou na sua obra cheia da mais elevada intenção demolidora. Portugal morre, porque, tal como uma tribo de berberes, deixou secar as raízes que o prendem à alma eterna da história. Cabe-nos a nós por isso — minoria que por acaso nos julguem — reconstruir, antes de mais nada, a fisionomia moral da Nacionalidade, indo beber ao património das gerações transactas os estímulos sagrados que nos abrirão, de par em par, as portas misteriosas do Futuro. Assim se define o nosso nacionalismo, que não é nacionalismo somente, porque o tempera, como regra filosófica, o mais rasgado e genuíno tradicionalismo. Aceitação das razões fundamentais da Pátria com todas as leis derivadas da Raça e do Meio, nós não nos fechamos, porém, nessa moldura estática, em que por vezes pode tumultuar um forte vento anárquico, como o provam na sua incapacidade conhecida as diversas improvisações nacionalistas provocadas pela guerra europeia. Há que ir mais longe e realizar pela projecção do génio de cada pátria numa consciência maior um ideal superior de civilização — o da civilização cristã que formou o mundo e esperamos confiadamente o salvará ainda.»

António Sardinha
in "A Prol do Comum".

domingo, 3 de abril de 2011

Méridien Zéro e a desinformação mediática

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Hoje, o programa Méridien Zéro recebe como convidado Jean-Yves Le Gallou, intelectual francês responsável pela criação e dinamização da Fundação Polémia, um think tank cuja actividade se desenvolve essencialmente através da internet. O tema central desta emissão são os galardões "Les Bobards d'Or", prémios da desinformação mediática cuja cerimónia de atribuição está agendada para o próximo dia 5 de Abril. Este programa será emitido pela Radio Bandiera Nera, e tem início, como habitualmente, às 22 horas portuguesas.

sábado, 2 de abril de 2011

Salazar e a Revolução em Portugal

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Salazar e a Revolução em Portugal
Mircea Eliade
Esfera do Caos Editora
256 Páginas

Publicada originalmente em 1942, em Bucareste, e nunca vertida para a nossa língua, esta obra, agora traduzida do romeno por Anca Milu-Vaidesegan e prefaciada por Sorin Alexandrescu, sobrinho do autor, mais que qualquer outra, lançou as bases para a construção do mito luminoso do fundador do Estado Novo, interpretando o seu pensamento e a sua acção política no contexto da «balbúrdia sanguinolenta» em que Portugal, no primeiro quartel do século XX, estava mergulhado. Um livro surpreendente, que inclui uma narração empolgante dos mais marcantes acontecimentos da nossa História, do consulado pombalino ao colapso da Primeira República, uma biografia de Salazar e uma análise dos fundamentos das políticas salazaristas.

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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Palavras para hoje

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"O que esperam agora as juventudes na tempestade? Renunciarão a toda a esperança? Irão retrair-se para torres de marfim? Chegarão a confiar, de novo, em vozes partidárias que, outra vez, as seduzam para as desiludir? Se a nossa geração procedesse deste modo ficaria como uma das mais cobardes e estéreis. A sua missão é outra e bem clara (...) Esta geração, depurada pelo perigo e o desengano, pode buscar, nas suas próprias reservas espirituais, extremos de abnegada austeridade. Quando se aprendeu a sofrer, sabe-se servir. No desejo de servir está o segredo do nosso triunfo (...) Arrojados à intempérie pelas tribos acampadas à sombra dos partidos, queremos erguer o novo refúgio forte, claro e alegre, em cujas estâncias se identificam a honra e o serviço."

José Antonio Primo de Rivera

Missão: Tomar tudo

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