sábado, 12 de fevereiro de 2011
Viagem ao Fim da Noite
Viagem ao Fim da Noite
Louis Ferdinand Céline
Ulisseia
464 Páginas
Viagem ao Fim da Noite é uma das obras-primas da literatura universal do século XX. Torrencial e desesperado, este romance foi saudado, na época, como um grande fresco das misérias da condição humana e como um exemplo de uma nova consciência da esquerda. Formosa ironia, com efeito. Poucos anos volvidos, a intelligentsia progressista arrepender-se-ia do seu prematuro entusiasmo, face à surpresa de sentido inverso que representaram Morte a Crédito e, muito principalmente, Bagatelles pour un Massacre. Falou-se então de fascismo e de infâmia a propósito do comportamento de Céline durante a ocupação alemã. A ambiguidade, porém, nem por isso se tinha desvanecido. Este homem, acusado de ter sido o mais feroz anti-semita das letras francesas, foi também dos primeiros a denunciar os ridículos do militarismo e os crimes da exploração colonial. De modo que, pondo de parte as querelas apesar de tudo insignificantes da ideologia, talvez ninguém melhor do que Georges Bataille se tenha apercebido do real significado deste romance: "podemos considerá-lo como a descrição das relações que um homem mantém com a sua própria morte (…), que não difere fundamentalmente de uma meditação monástica perante uma caveira".
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