terça-feira, 17 de maio de 2011
Itália na Primeira Guerra
«Em 24 de Maio de 1915, os italianos entraram em guerra contra a Áustria-Hungria sem qualquer consciência das provações que iam defrontar. O esforço imposto ao país revelar-se-á excessivamente pesado. A guerra custará 670 000 mortos e um milhão de feridos. Assim que foi assinado o armistício com a Áustria-Hungria, a tensão que tinha permitido a mobilização da sociedade desvaneceu-se. Nas esferas dirigentes, todos retomam os hábitos de antigamente. (...) O passado parece levar a melhor sobre o futuro. Parece que a guerra não existiu.
A sociedade italiana, porém, não saiu indemne do conflito. Em relação com os enormes sacrifícios pagos por tantos homens e tantas famílias, os ganhos vão revelar-se pesadamente desapontadores. Quer as forças conservadoras quer as forças populares já não são o que eram antes de 1915. A guerra revolveu-as por dentro. Transformou milhões de rapazes em soldados, revelando em alguns deles uma alma guerreira até então adormecida. Os 160 000 jovens oficiais milicianos, tenentes e capitães, que o fim da guerra devolve à vida civil, deixaram em grande parte de ser burgueses no seu coração e na sua existência. O que viveram, as hecatombes, os camaradas mortos e feridos, fizeram-nos entrar para sempre no registo da dureza. A experiência da guerra fê-los tomar o gosto por uma vida despreocupada, liberta das rotinas do tempo de paz. A guerra gravou na sua carne e na sua alma uma visão do mundo que não tem a felicidade como objectivo. Aspiram a qualquer coisa de mais inebriante e de mais forte. Nisso, são irmãos de outros jovens combatentes em toda a Europa, mas não o sabem.»
Dominique Venner
in "O Século de 1914. Utopias, Guerras e Revoluções na Europa do Séc. XX", Civilização Editora (2009).
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