“Victoria” (brochado, 128 páginas, 15,00 euros), publicado originalmente em 1898 e agora entre nós, com tradução de Carlos Aboim de Brito, é um livro onde encontramos claramente o seu autor e entramos no seu mundo, numa esplêndida narrativa que nos exalta os sentidos e os sentimentos.
Contando a história de Johannes, filho de um moleiro, que ama profundamente Victoria, a filha do castelão, Hamsun conduz-nos através da Natureza – omnipresente – e da natureza humana. O jovem Johannes passeia à vontade no bosque em que conhece os lugares, os caminhos, as rochas, as árvores, as flores, os pássaros. Sabe que a barreira social entre si e o seu amor se consubstancia em Otto, o seu rival, com quem Victoria aceita finalmente casar-se, para tentar tirar a sua família aristocrática da ruína financeira. Entretanto, Johannes, solitário, torna-se poeta e escritor, mantendo como musa a sua paixão da adolescência. Vai para a cidade e para outros países, mas a distância não atenua o sentimento mútuo, por tantas vezes disfarçado com frieza, distanciamento ou formalismos. Ainda assim, uma série de desencontros amorosos acaba por suceder. Como nos é dito, há “diversas formas de amor: as que duram e as que perecem”. E vamos conhecê-las, até ao final trágico desta bela e tocante história de amores que não nos deixa indiferentes.
Ler Knut Hamsun – mergulhar no seu universo e deixar-se envolver totalmente – é um prazer, um deleite e, principalmente, um privilégio, nestes tempos acelerados e desligados que hoje atravessamos.
Duarte Branquinho
"O Diabo", de 16 Agosto de 2011.
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