quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Entrevista a Constantino, militante do Aurora Dourada

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Constantino é um militante histórico do Aurora Dourada. Um daqueles que já eram militantes antes da explosão eleitoral, dos tempos em que o partido grego navegava em torno do 1%. É há seis anos um dos animadores da RBN Hellas, a transmissão da Radio Bandeira Nera em língua grega, emitida todos os domingos às 22h. Encontramo-lo, via Skype, numa cidade grega que, por motivos de segurança, preferimos não revelar. Apesar do momento dificílimo que o partido atravessa, Constantino mantém o humor e a tranquilidade de quem sabe combater por uma causa justa. Estudou em Itália e responde num italiano perfeito.

Através da imprensa chegaram a Itália notícias do que se passou mas, como imaginas, de uma forma distorcida. Entrámos em contacto contigo para saber o que realmente aconteceu.
Depois da morte de um rapaz antifascista há duas semanas, na sequência de uma discussão futebolística na periferia de Atenas, a esquerda, o centro, socialistas e mesmo a direita helénicas começaram a atacar o Aurora Dourada. Tudo isto numa altura em que as sondagens davam mais de 15% dos votos a nível nacional. O número três do nosso movimento era dado pelas sondagens como o provável próximo Presidente da Câmara de Atenas, com mais de 60%. Podes imaginar o que significaria conquistar a Câmara da cidade mais importante da Grécia.

Ele também foi preso?
Claro. Foi preso juntamente com o nosso secretário-geral, o vice-secretário-geral e outros quatro deputados que faziam parte do núcleo histórico do Aurora Dourada. Não foram detidos membros recentes. Sabiam muito bem quem prender. Começou uma caça ao "fascista", com mais de 30 detenções. E ainda não acabou. As acusações são brutais: a principal é a de associação criminosa. Agora todos os militantes, e os eleitores que já são mais de meio milhão, são tratados como delinquentes nos telejornais e na rádio. Também há acusações de extorsão e posse de armas. Devem ser aviões, porta-aviões e tanques. Só que temos os tanques muito bem escondidos.
Além disso, na semana anterior prenderam quatro importantes agentes da polícia por alegadas ligações ao nosso movimento, assim como agentes das forças especiais gregas. Podes ver que o ataque foi bem estudado.
Depois prenderam os nossos dirigentes no sábado, quando o Parlamento grego estava fechado, e sem esperar pela votação para a suspensão da imunidade parlamentar dos nossos deputados. É a primeira vez, não apenas na Grécia mas em toda a Europa, que um líder de um partido e deputado é detido sem a suspensão da imunidade ser votada no parlamento.

Podes explicar como funciona exactamente a imunidade parlamentar na Grécia? Existe uma lei parecida à italiana?
Sim, é uma lei parecida. Para prender um representante parlamentar é necessário recorrer ao parlamento e os deputados devem votar para anular a imunidade. Isto é o que dizem as normas democráticas. Mas a nós não foram aplicadas.

Esta é a situação judicial. Podes falar da situação política? O movimento está a reagir? Como é óbvio, diz-me só o que é oportuno anunciar publicamente.
Sim, mesmo com o líder na prisão, a sua mulher, que também é deputada, é a sua porta-voz e tem estado em contacto com ele. Dentro de três ou quatro dias teremos desenvolvimentos, mesmo a nível judicial.
Mas sabes o que eles fazem? Entram na casa dos militantes, apreendem camisolas do Aurora Dourada e bandeiras gregas. Relativamente a isto, o ministro da Justiça declarou oficialmente que a polícia tem o direito de abordar e revistar qualquer pessoa que ande na rua com uma bandeira grega. Agora até a bandeira nacional é algo criminoso. Quanto ao resto, o mais grave que encontraram foram armas de ar comprimido.
Esta semana o parlamento vai votar uma nova lei "anti-racista" e podes imaginar o que estão a preparar.

Qual é a lei actual na Grécia? Existe alguma lei análoga à lei Mancino [n.d.r. lei proposta pelo ministro democrata-cristão Nicola Mancino, introduzida em 1993 como Decreto-Lei 122, que condena gestos, acções e slogans ligados à ideologia fascista, punindo ainda a incitação à violência e a discriminação por motivos raciais, étnicos ou religiosos]?
Existe uma lei, mas é considerada demasiado "suave". Por exemplo, é possível usar o fascio e fazer a saudação romana. Já a nova lei que o parlamento vai aprovar será ainda mais dura que a lei alemã.

E qual é a reacção popular?
Quanto a tudo isto, há uma coisa positiva: as pessoas comuns não "comeram" esta mentira. Falo com muita gente e todos estão connosco. Mesmo gente que nunca votou no Aurora Dourada diz "agora vou votar!". A Grécia é um Estado que está a atravessar uma crise terrível, provavelmente já está falido, os bancos levaram tudo, há um novo memorando que já foi votado e ninguém sabe o que vai acontecer, mas agora a imprensa só fala do Aurora Dourada.
Vocês, italianos, viveram os anos 70 e sabem como o Estado é capaz de mentir. Mas desta vez provavelmente exageraram.
Por fim, gostaria de agradecer a todos os camaradas italianos que me telefonaram. O Gianluca, tu, os rapazes da CasaPound e mesmo gente de outros movimentos. Todo este apoio ao nosso movimento conta muito. Em Espanha protestaram por nós junto à embaixada grega em Madrid. Houve acções de solidariedade na Polónia e até de um pequeno movimento nacionalista chileno. Tudo isto é muito importante para nós. O nosso moral é alto e sempre que posso vou protestar à frente do Tribunal, mesmo arriscando ser preso.

Traduzido e adaptado de uma entrevista à Radio Bandiera Nera.

4 comentários:

  1. Excelente depoimento do "Constantino" .
    Estamos mesmo perante mais um farsa de proporções épicas. E por cá a forma como a imprensa do regime trata o assunto é deplorável.
    Não aparece ninguém a dizer na TV que não foi o Aurora que rebentou por completo com a Grécia, economicamente e culturalmente. Não se pode.

    Bandidos da pior espécie prendem homens de valor e coragem.
    Está tudo ao contrário.

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  2. Viva o Aurora Dourada, que saibam dar a volta por cima, e como o Pedro Lopes comentou "não foi o Aurora que rebentou por completo com a Grécia, economicamente e culturalmente. Não se pode.", mas justamente o capitalismo sionista, tenho de boa fé apoiado desde aqui ao Brasil!

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  3. A morte do antifa foi um tipo de estopim. Era o que os criminosos queriam para poder deslegitimar o movimento nacionalista. Ouso dizer que foi um ataque de "falsa bandeira" e que o assassino do antifa é capaz de nem ser da Aurora Dourada. Toda linha de pensamento é possível.

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    Respostas
    1. Ondashiz,
      O Assassino do Rapper(que só cantava porcaria) foi um comunista. Era do partido comunista e "mudou-se" para o Aurora umas semanas antes do assassinato. Ou simplesmente disse que era "simpatizante". False-Flag certa.

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