domingo, 15 de maio de 2011

"Bardamerda para o fascista!"

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«O desvio do debate político-económico para o âmbito púbico-capilar, feito por Eduardo Catroga esta semana na SIC Notícias, trouxe àqueles que ainda vão tendo memória de longo alcance a recordação do emblemático "Bardamerda para o fascista!", dito pelo almirante e primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, a 12 de Novembro de 1975, na Assembleia da República.
O País estava virado de pés para o ar pelo PREC, a que, duas semanas depois, o 25 de Novembro, poria fim formalmente, o Parlamento estava cercado por trolhas teleguiados pela Intersindical e pelo PCP (os mesmos que então iam destruindo a economia portuguesa e hoje batem no peito pela sua defesa), que invectivaram Pinheiro de Azevedo de "fascista" (na altura, quem pusesse a mais ínfima objecção aos métodos usados pelos revolucionários para conduzir Portugal ao socialismo, à democracia popular e de massas, ou à ditadura do proletariado, era logo taxado de "fascista"). Fartinho do epíteto e massacrado pela agitação non-stop, o primeiro-ministro, que fervia em pouca água e não tinha papas na língua, e era também conhecido como "o almirante sem medo" e "o Pinheiro maluco", gritou: "Bardamerda para o fascista!"
O contexto político, social e emocional em que o castiço Pinheiro de Azevedo recorreu ao vernáculo era completamente diferente daquele em que o mortiço Catroga se referiu às regiões púbicas: um país em pré-guerra civil contra um país prostrado. De tal forma, que agora um político diz que outro disse uma "inverdade", com medo de lhe chamar "mentiroso". É por essas e por outras que às vezes tenho saudades do PREC e do Pinheiro maluco.»

Eurico de Barros
in "Diário de Notícias", 14 de Maio de 2011.

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