Modelos de bandidos, comerciantes e escravos.
Modelos, símbolos e referências moldam as acções na vida e na História.
Riade segue o rasto de Ialta
no espírito de uma “Ialta 2.0” que envolve a Europa, o Médio Oriente e parte de África.
Na realidade, mais do que Ialta – onde, em fevereiro de 1945, foram selados os destinos dos povos submetidos ao sistema internacional dos criminosos e dos mercadores – a cimeira de bandidos da Arábia Saudita remete para Teerão, onde, no final de Novembro de 1943, esses destinos foram decididos.
Mas Ialta continua a ser o símbolo, o modelo
A partir de agora, não se fala de outra coisa e, numa ironia involuntária, é enaltecida como factor de estabilização.
“Óptimo, vamos voltar a ser escravos! exclama um liberto a quem foi retirada a liberdade no filme italiano “Cipião, o Africano”.
De facto, em Riade, pouco se falou da Ucrânia
mas muito sobre a exploração de terras raras, o desenvolvimento de pipelines e a partilha dos despojos, com total desprezo por todos os outros assuntos do planeta.
E há mesmo – e não são raros – aqueles que se regozijam pelo facto de o Vice-Presidente americano Vance, que não tem qualquer poder real e é uma figura perturbadora (dado que até mudou a sua confissão religiosa quando era muito jovem para subir na escada do establishment), ter humilhado os europeus.
Imaginem um futuro chanceler alemão a felicitar-se porque um representante da França humilhou os alemães no Ruhr, em 1923, simplesmente porque foi uma bofetada na cara de Weimar?
Weimar, precisamente
parece ser o modelo escolhido pela UE, com reuniões inconclusivas e mil posições divergentes, como por exemplo em Paris, na segunda-feira à noite.
Weimar, onde reinava a decadência, onde as questões de género e um movimento pré-Woke começavam a emergir, e onde se afirmava ser possível pôr a Alemanha de pé apenas através da economia e da diplomacia.
Este parêntesis alemão, baseado no processo económico unificador renano do Zollverein e reflectido na concepção de uma Europa que, infelizmente, nunca esteve verdadeiramente unida e nunca teve um poder central, foi, de facto, menos desastroso do que a História recorda.
Durante o período de Weimar
havia muitos impulsos e tendências, mas nem todos os opositores eram anti-alemães, tal como, actualmente, os que se insurgem contra a UE não são necessariamente anti-europeus.
Havia aqueles que – tal como fazem hoje muitos entusiastas do vazio – se regozijavam com cada humilhação alemã, porque, fossem eles comunistas ou da direita monárquica, esperavam ser dominados pelos russos ou tornar-se lacaios de Londres.
Mas havia também aqueles que, opondo-se à classe dirigente de Weimar, queriam uma Alemanha unida, forte, empenhada e não sujeita a qualquer influência, quer interna quer externa.
Foram eles que puseram fim ao parêntesis de Weimar
Amavam o seu próprio povo, a sua própria terra; eram movidos pela dignidade e não se viam como cidadãos do mundo, ao ponto de nunca exigirem receber ordens de ninguém – nem de Estaline, nem de Chamberlain, nem mesmo de Mussolini.
Hoje, por outro lado, muitas pessoas têm um imaginário globalizado e falam de Trump, Putin e Netanyahu como se estivessem cá e como se fossem compatíveis com a nossa História, com o nosso sentido de lugar e com o nosso próprio ser.
No entanto, eles tinham fé, não estavam extintos, não estavam mortos e não troçavam daqueles que, no meio do desastre e da decadência total – como em 1923 ou 1929 – acreditavam na Alemanha, sem fingir que ela tinha morrido em Verdun ou Versalhes.
Encontrem a diferença
e compreenderão porque somos fracos, e saberão como renasceremos.
Com ou sem ti!
Gabrioele Adinolfi
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