quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Verdun

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«Verdun foi a mais desumana das batalhas, um açougue de homens. Nunca uma confrontação tinha sido prosseguida com tal encarniçamento e durante tanto tempo (300 dias e 300 noites) num espaço tão reduzido (20 quilómetros de largura por 8 de fundo). Do lado francês, as perdas foram de 162 000 mortos e 218 000 feridos. Do lado alemão, 143 000 mortos e 190 000 feridos. Foi uma batalha desigual, travada contra homens por um dilúvio de metal e explosivos. O consumo de obuses foi de tal ordem quer a indústria não conseguia acompanhá-lo, o que explica as pausas que houve na batalha. E, contudo, nunca o papel dos combatentes foi tão grande. Enquanto centenas de milhares de soldados e milhões de obuses eram lançados na refrega, a decisão dependeu em muitas ocasiões de algumas dezenas de homens. Sobre um terreno dantesco onde regimentos inteiros tinham sido pulverizados por bombardeamentos gigantes, o último recontro foi, com frequência, obra de alguns sobreviventes, de um lado e do outro, pequenos grupos de espectros raivosos, comandados por um sargento ou um tenente. E foram esses que ganharam. Enfiados nas suas crateras de obus, sem ligações, sem esperança, continuaram a bater-se com armas tão primitivas como granadas, facas ou pistolas-metralhadoras, provando que nada está perdido enquanto não desfalece a alma que existe em cada soldado.»

Dominique Venner
in "O Século de 1914. Utopias, Guerras e Revoluções na Europa do Século XX", Civilização Editora (2009).

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