segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Degrelle e o Rexismo

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"Nascido numa família católica tradicionalista, Degrelle foi o fundador e principal dirigente do Rexismo, movimento político belga, fortemente influenciado pela extrema-direita maurrasiana da vizinha França. Nas décadas que antecedeu a II Guerra Mundial, o Rex teve um impacte considerável, nomeadamente em Maio de 1936, quando o movimento conseguiu eleger vinte e um deputados a nível nacional. Nessa época, no entanto, a imagem do Rexismo era menos a de uma formação extremista que a de um movimento de inspiração patriótica e católica, em luta contra a corrupção económica.
Degrelle tinha exposto na imprensa rexista diversos escândalos financeiros que implicavam figuras conhecidas dos círculos políticos e da própria Igreja. Ouvindo-o falar em 1936 dos casos de mandatos parlamentares e acumulações financeiras ilegítimas que denunciava nos anos trinta, do poder dos banksters e da corrupção da hierarquia católica, fica-se com uma visão necessariamente unilateral dos casos da época, mas adquire-se igualmente a convicção de que a sua indignação é genuína, e os escândalos mais que simples expedientes políticos eleitoralistas. Durante as campanhas eleitorais em que Degrelle recolhia fundo levando a cabo meetings de massas em que o ingresso era pago, o Rexismo havia revelado uma forte implantação no proletariado e pequena burguesia. Em 1937, a Igreja adopta uma posição claramente hostil, proibindo o voto nos rexistas.
A derrota eleitoral que se segue é consequência directa do que os rexistas passam a considerar como a traição da hierarquia católica, e marca o início de um resvalar progressivo dos seus dirigentes para posições cada vez mais identificáveis com as doutrinas de cariz fascista, em ascensão por toda a Europa.
Quando em 10 de Maio de 1940, a Bélgica se vê invadida, Degrelle encontra-se em plena travessia do deserto político. O que não impede o Governo belga de proceder à sua detenção, e de o entregar, juntamente com vários correligionários, às autoridades de um país estrangeiro — a França — a fim de ser internado como um vulgar inimigo. Depois de escapar por pouco ao sinistro episódio de Abbeville — em que 21 detidos políticos são assassinados pelas tropas francesas —, Degrelle inicia um périplo por vinte e duas prisões ao qual sobrevive, apesar de bastante maltratado. Uma vez regressado à Bélgica, é recebido pelo Rei em Agosto de 1940, e é pressionado para fazer equipa com o chefe dos socialistas De Man, ex-ministro do Governo que lhe infligira a derrota eleitoral, agora adepto de uma colaboração com a Alemanha.
Os pactos políticos de conveniência, porém não lhe interessam e, em 1941, quando a Alemanha invade a União Soviética, a sua componente aventurosa e o gosto pela acção directa levam-no a alistar-se na Legião de Voluntários Valões. Hitler envia um telegrama nomeando-o tenente. Recusa a oferta, e é como simples soldado raso "para ganhar os seus direitos" que parte com os primeiros voluntários."

António Marques Bessa

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