segunda-feira, 11 de julho de 2011

O ódio e a inveja

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"O ódio, o sentimento mais rácico e autêntico entre todos, no predador, implica respeito pelo adversário. É inerente ao ódio o reconhecimento da igualdade, no plano anímico, entre opositores. Quanto aos seres inferiores, por esses apenas se sente Desprezo. E esses seres desprezados tornam-se em Invejosos. Em todos os contos populares primitivos, em todos os mitos deístas, em todas as lendas heróicas, surgem tais temas. A águia apenas odeia os seus semelhantes, não inveja ninguém. Despreza, porém, muitos seres, talvez até todos os que lhe não são iguais. O desdém lança sempre o seu olhar de cima para baixo. A inveja, essa, dirige o seu olhar para cima. São estes os dois sentimentos historicamente universais da humanidade organizada em classes e estados. E os seus membros pacíficos, na sua raiva impotente, esbracejam entre as grades da jaula onde todos, conjuntamente, estão encerrados. Nada os pode livrar deste cativeiro e suas consequências. Sempre assim tem sido, sempre assim será... ou então, tudo deixará de existir. Ter em conta esta situação ou, pelo contrário, ignorá-la, são posições altamente diferenciadas. Mas querer modificá-la, é impossível. O destino do homem segue o seu curso e tem de cumprir-se."

Oswald Spengler
in "O Homem e a Técnica", Guimarães & C.ª Editores.

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