quinta-feira, 7 de novembro de 2013
A autodestruição do meio urbano
"O momento presente é já o da autodestruição do meio urbano. O rebentar das cidades sobre os campos, cobertos de «massas informes de resíduos urbanos» (Lewis Mumford) é, de um modo imediato, presidido pelos imperativos do consumo. A ditadura do automóvel, produto-piloto da primeira fase de abundância mercantil, inscreveu-se no terreno com a dominação da auto-estrada, que desloca os antigos centros e exige uma dispersão cada vez maior. Ao mesmo tempo, os momentos de reorganização incompleta do tecido urbano polarizam-se passageiramente em torno das «fábricas de distribuição» que são os hipermercados edificados em terreno aberto com um parking por pedestal; e estes templos do consumo precipitado estão eles próprios em fuga no movimento centrífugo, que os repele à medida que eles se tornam por sua vez centros secundários sobrecarregados, porque trouxeram uma recomposição parcial da aglomeração. Mas a organização técnica do consumo não é mais do que o primeiro plano de dissolução geral que conduziu a cidade a consumir-se a si própria desta maneira."
Guy Debord
in "A Sociedade do Espectáculo", Antígona.
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