segunda-feira, 18 de maio de 2020

Circo!

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"É preciso dizê-lo... fosse eu membro de uma Célula, de uma Sinagoga, de uma Loja, de um Partido, de uma Confissão, de uma Polícia... não importa qual!... saísse eu dos plissados de uma qualquer «Cortina de ferro»... e tudo se arranjava! seguro! duro! puro!... de um Circo!... qual? pouco importa!... assim fazem pela vidinha os Maurois, Mauriac, Thorez, Tartre, Claudel!... e demais companhia!... o abade Pierre... o Schweitzer... o Barnum!... sem idade e sem vergonha! o Nobel, as Grã-Cruzes, no papo! Mesmo com a pernoca a fugir-lhes para a cova, a desfazerem-se, incontinentes, «honorários», «Figuras de Proa dos Partidos»! Juanovicistas! está bem!... tudo está bem quando acaba bem! tudo é permitido, desde que palhaço reconhecido e de cartão em dia! certamente que está de panelinha aí com um Circo!... não? infortúnio! ai não temos Cúpula que o abrigue? ai não? para o cepo, que o machado não tarda..."

Louis-Ferdinand Céline
in «De Castelo em Castelo», Publicações Dom Quixote, 1992.

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