quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

"A morte por uma convicção é a suprema perfeição"

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"Sim, o soldado, na sua relação com a morte, no sacrifício da sua própria pessoa por uma ideia, ignora praticamente tudo dos filósofos dos seus valores. Mas nele, e nos seus actos, a vida encontra uma expressão mais pungente e mais profunda do que qualquer outra que possa existir num livro. E de toda a falta de senso do seu processo exterior perfeitamente insensato, ressalta uma verdade radiosa: a morte por uma convicção é a suprema perfeição. É proclamação, acto, realização, fé, amor, esperança e fim: é, neste mundo imperfeito, algo de perfeito, a perfeição sem rodeios. A causa não tem importância, tudo está na convicção. Pode-se morrer bem, mergulhado num erro indiscutível: é o que se pode fazer de maior. O aviador de Barbusse bem pode ver, longe, lá em baixo, dois exércitos ajaezados, pedirem a um único Deus a vitória da sua justa causa. Um ou outro, seguramente, e talvez mesmo os dois, arvoram um erro nas bandeiras; e contudo Deus acolhê-los-á a ambos, com um mesmo abraço, no seu ser. A loucura e o mundo são apenas um, e quem morrer por um erro nem por isso deixa de ser um herói."

Ernst Jünger
in “A Guerra como Experiência Interior”, Ulisseia (2005).

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