Reflexões para os europeus no estado actual do conflito
A guerra na Europa não pode ser explicada por uma única
razão, nem com uma escolha bipolar.
Geopolítica, finança, reinicialização económica, energia, somam-se
a antigos ódios étnicos que provocaram sete milhões e meio de mortos às mãos
dos russos e depois da intervenção popular ucraniana na Segunda Guerra Mundial
ao lado da Alemanha.
Depois da independência da Ucrânia os ódios continuaram,
tanto sob o governo oligárquico pró-russo como depois de Maidan.
A situação explodiu com a invasão decretada por Putin que considera
a Ucrânia uma das suas províncias e com a resistência popular ao invasor.
No imaginário colectivo vivíamos uma guerra fria numa
espécie de Ialta que veria a Rússia frente à Europa e os EUA frente à China.
Dado que a Europa joga outro jogo que quebra a lógica
bipolar, dado que a Europa, em particular com Paris e Berlim, sempre se orientou
para uma colaboração com a Rússia e inclusivamente com a China, a lógica da
invasão russa mantém-se em xeque e faz o jogo dos norte-americanos.
Antes do início da invasão, os serviços de informações
indianos, italianos e chineses tinham anunciado que a Rússia se veria forçada a
levá-la a cabo mediante um acordo secreto com os EUA. Putin teria considerado
como mais importantes os interesses russos numa nova Ialta que numa cooperação
com Berlim e Paris.
Recorde-se que o novo governo alemão assinou um contrato entre
as partes no qual se fala da necessidade de desenvolver as relações com a
Rússia e que Scholz tratou de evitar o recurso às armas.
Ahmadinejad foi mais longe e falou mesmo de cumplicidade
entre Biden e Putin.
A guerra quebra o acordo Paris-Berlim-Moscovo e cerca a
Europa.
Explodiu mesmo quando se começavam a pagar os custos sociais
da pandemia e provavelmente acelera a reinicialização da economia, à custa dos
nossos povos e sobretudo dos nossos pobres.
O gás é seguramente importante neste jogo, mas a energia
nuclear também é. O ataque a Zaporizhzhia favorece os medos dos verdes com os
quais contam os norte-americanos para bloquear a recuperação europeia. Também
aos russos convém que nós continuemos dependentes do gás.
Na reinicialização económica revolucionam-se as bolsas e
potencia-se o recurso às criptomoedas.
Depois há as armas que, através de várias máfias, da frente
ucraniana acabarão em grande parte na Europa para armar os islamitas que a CIA
quer activar nas nossas costas para impedir a independência europeia. O apoio
da camarilha atlantista de Zemmour em França talvez se explique precisamente
por alimentar uma lógica de “choque de civilizações” permitindo o nascimento de
formações terroristas islamitas.
Muitos retratam esta guerra como o filme “O Senhor dos Anéis”.
Mas neste confronto onde todos querem “desnazificar” o outro, as ideologias
confundem-se entre si.
Restam os dados objectivos sobre os quais devemos operar na
medida em que nos permitam, e sem perder o sentido de proporção nem o da
justiça.
Deixemos que equilibristas e os hipócritas encontrem as
justificações para fugir à realidade, que se pode resumir assim:
- A Rússia invadiu a Ucrânia e reafirma a sua vontade imperialista
nessa terra.
- O povo ucraniano resiste.
- Os EUA e a NATO são os que mais ganham.
- A Europa é a que mais perde.
- Os desastres para a Europa vão suceder-se.
- O interesse da Europa é romper com esta oposição e impedir
todas as lógicas de Ialta.
- Devemos agir nesta direcção, mas com justiça e critério e trabalhando
para uma revolução espiritual e cultural que permita libertar os povos europeus
da tutela norte-americana.
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