domingo, 13 de março de 2022

A Guerra vista por Gabriele Adinolfi

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Reflexões para os europeus no estado actual do conflito

 

A guerra na Europa não pode ser explicada por uma única razão, nem com uma escolha bipolar.

Geopolítica, finança, reinicialização económica, energia, somam-se a antigos ódios étnicos que provocaram sete milhões e meio de mortos às mãos dos russos e depois da intervenção popular ucraniana na Segunda Guerra Mundial ao lado da Alemanha.

Depois da independência da Ucrânia os ódios continuaram, tanto sob o governo oligárquico pró-russo como depois de Maidan.

A situação explodiu com a invasão decretada por Putin que considera a Ucrânia uma das suas províncias e com a resistência popular ao invasor.

No imaginário colectivo vivíamos uma guerra fria numa espécie de Ialta que veria a Rússia frente à Europa e os EUA frente à China.

Dado que a Europa joga outro jogo que quebra a lógica bipolar, dado que a Europa, em particular com Paris e Berlim, sempre se orientou para uma colaboração com a Rússia e inclusivamente com a China, a lógica da invasão russa mantém-se em xeque e faz o jogo dos norte-americanos.

Antes do início da invasão, os serviços de informações indianos, italianos e chineses tinham anunciado que a Rússia se veria forçada a levá-la a cabo mediante um acordo secreto com os EUA. Putin teria considerado como mais importantes os interesses russos numa nova Ialta que numa cooperação com Berlim e Paris.

Recorde-se que o novo governo alemão assinou um contrato entre as partes no qual se fala da necessidade de desenvolver as relações com a Rússia e que Scholz tratou de evitar o recurso às armas.

Ahmadinejad foi mais longe e falou mesmo de cumplicidade entre Biden e Putin.

A guerra quebra o acordo Paris-Berlim-Moscovo e cerca a Europa.

Explodiu mesmo quando se começavam a pagar os custos sociais da pandemia e provavelmente acelera a reinicialização da economia, à custa dos nossos povos e sobretudo dos nossos pobres.

O gás é seguramente importante neste jogo, mas a energia nuclear também é. O ataque a Zaporizhzhia favorece os medos dos verdes com os quais contam os norte-americanos para bloquear a recuperação europeia. Também aos russos convém que nós continuemos dependentes do gás.

Na reinicialização económica revolucionam-se as bolsas e potencia-se o recurso às criptomoedas.

Depois há as armas que, através de várias máfias, da frente ucraniana acabarão em grande parte na Europa para armar os islamitas que a CIA quer activar nas nossas costas para impedir a independência europeia. O apoio da camarilha atlantista de Zemmour em França talvez se explique precisamente por alimentar uma lógica de “choque de civilizações” permitindo o nascimento de formações terroristas islamitas.

Muitos retratam esta guerra como o filme “O Senhor dos Anéis”. Mas neste confronto onde todos querem “desnazificar” o outro, as ideologias confundem-se entre si.

Restam os dados objectivos sobre os quais devemos operar na medida em que nos permitam, e sem perder o sentido de proporção nem o da justiça.

Deixemos que equilibristas e os hipócritas encontrem as justificações para fugir à realidade, que se pode resumir assim:

- A Rússia invadiu a Ucrânia e reafirma a sua vontade imperialista nessa terra.

- O povo ucraniano resiste.

- Os EUA e a NATO são os que mais ganham.

- A Europa é a que mais perde.

- Os desastres para a Europa vão suceder-se.

- O interesse da Europa é romper com esta oposição e impedir todas as lógicas de Ialta.

- Devemos agir nesta direcção, mas com justiça e critério e trabalhando para uma revolução espiritual e cultural que permita libertar os povos europeus da tutela norte-americana.

 


Noreporter

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