sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Crítica XXI: liberdade incondicional

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Portugal é há quase meio século governado pelas esquerdas. Se estendermos a ideia de poder ao campo cultural, podemos dizer que esse domínio é até anterior à Revolução e permanece mesmo quando as direitas governam.

Disto não resulta apenas que as direitas e o seu pensamento sejam mal conhecidos; resulta uma atmosfera cultural e mediática acomodada e maniqueísta sem espaço para a interrogação crítica.

Crítica XXI quer dar a conhecer a tradição intelectual das direitas e os seus desenvolvimentos actuais, olhando para valores, ideias e princípios com liberdade incondicional.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Jean Raspail: Profeta dos Tempos Modernos

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No "Figaro Magazine", o último texto da série "Os Profetas dos Tempos Modernos" foi dedicado a Jean Raspail. No artigo, apropriadamente intitulado "A Submersão Migratória", Mathieu Bock-Côté fala sobre o impacto político do romance premonitório "Le Camp des saints", concluindo: «Que fazer quando mundo que nos importa mais que tudo se desmorona? Que atitude devemos adoptar perante um mundo em ruínas, especialmente se não queremos reconciliar-nos com aquele que o substitui, ou se nos sentimos incapazes de fazê-lo? Fugir? Fecharmo-nos em sonhos e refúgios oníricos? Permanecer firmemente fiéis ao mundo derrotado, mesmo que tal signifique fazê-lo sobreviver clandestinamente, como uma tradição secreta, e na esperança romântica ou política de o ver um dia reaparecer, sob um novo rosto? De livro em livro, Jean Raspail ensaiou estas respostas, que vão muito além da questão única da migração. Também se lêem como samizdats.»

segunda-feira, 14 de março de 2022

Uma nota sobre a invasão russa da Ucrânia

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1. Putin está a ser honesto quando diz que o objectivo da invasão é a desnazificação e a desmilitarização.

2. A Ucrânia não tem absolutamente nada a ganhar com a invasão. E o Ocidente (o nosso Ocidente) nada tem a ganhar.

3. A Rússia não é uma alternativa ao paradigma ideológico antifascista pós-Segunda Guerra Mundial.

4. O argumento dos “oligarcas judeus” é irrelevante. A Rússia também tem oligarcas judeus e Putin não vai acabar com o sistema oligárquico na Ucrânia. A presença de figuras de elite judaicas na Ucrânia não invalida o nacionalismo ucraniano, da mesma forma que não invalida o nacionalismo noutros países com elites judaicas.

5. A Ucrânia sempre teve governos disfuncionais e corruptos. Zelensky calhou ser o Presidente quando o país foi invadido – ninguém está a lutar pelo seu governo. Os ucranianos estão a lutar pelo simples motivo de o seu país ter sido invadido por uma potência estrangeira. É o que as pessoas normais fazem.

6. Aqueles que dizem que os ucranianos não deviam defender o seu país contra uma invasão estrangeira é um niilista e não merece ser levado a sério. Isto não é um jogo de vídeo.

7. O establishment ocidental neoliberal nada tem a perder com esta guerra. A NATO tornou-se dez vezes mais relevante por causa do ataque russo à Ucrânia. A Suécia e a Finlândia apressam-se para se tornarem membros. Há três semanas podia dizer-se que a NATO era uma entidade obsoleta. Já ninguém diz isso. O establishment ocidental liberal é a parte que mais ganhou com este ataque – enquanto a Ucrânia foi a que mais perdeu.


@guidetokulchur


domingo, 13 de março de 2022

A Guerra vista por Gabriele Adinolfi

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Reflexões para os europeus no estado actual do conflito

 

A guerra na Europa não pode ser explicada por uma única razão, nem com uma escolha bipolar.

Geopolítica, finança, reinicialização económica, energia, somam-se a antigos ódios étnicos que provocaram sete milhões e meio de mortos às mãos dos russos e depois da intervenção popular ucraniana na Segunda Guerra Mundial ao lado da Alemanha.

Depois da independência da Ucrânia os ódios continuaram, tanto sob o governo oligárquico pró-russo como depois de Maidan.

A situação explodiu com a invasão decretada por Putin que considera a Ucrânia uma das suas províncias e com a resistência popular ao invasor.

No imaginário colectivo vivíamos uma guerra fria numa espécie de Ialta que veria a Rússia frente à Europa e os EUA frente à China.

Dado que a Europa joga outro jogo que quebra a lógica bipolar, dado que a Europa, em particular com Paris e Berlim, sempre se orientou para uma colaboração com a Rússia e inclusivamente com a China, a lógica da invasão russa mantém-se em xeque e faz o jogo dos norte-americanos.

Antes do início da invasão, os serviços de informações indianos, italianos e chineses tinham anunciado que a Rússia se veria forçada a levá-la a cabo mediante um acordo secreto com os EUA. Putin teria considerado como mais importantes os interesses russos numa nova Ialta que numa cooperação com Berlim e Paris.

Recorde-se que o novo governo alemão assinou um contrato entre as partes no qual se fala da necessidade de desenvolver as relações com a Rússia e que Scholz tratou de evitar o recurso às armas.

Ahmadinejad foi mais longe e falou mesmo de cumplicidade entre Biden e Putin.

A guerra quebra o acordo Paris-Berlim-Moscovo e cerca a Europa.

Explodiu mesmo quando se começavam a pagar os custos sociais da pandemia e provavelmente acelera a reinicialização da economia, à custa dos nossos povos e sobretudo dos nossos pobres.

O gás é seguramente importante neste jogo, mas a energia nuclear também é. O ataque a Zaporizhzhia favorece os medos dos verdes com os quais contam os norte-americanos para bloquear a recuperação europeia. Também aos russos convém que nós continuemos dependentes do gás.

Na reinicialização económica revolucionam-se as bolsas e potencia-se o recurso às criptomoedas.

Depois há as armas que, através de várias máfias, da frente ucraniana acabarão em grande parte na Europa para armar os islamitas que a CIA quer activar nas nossas costas para impedir a independência europeia. O apoio da camarilha atlantista de Zemmour em França talvez se explique precisamente por alimentar uma lógica de “choque de civilizações” permitindo o nascimento de formações terroristas islamitas.

Muitos retratam esta guerra como o filme “O Senhor dos Anéis”. Mas neste confronto onde todos querem “desnazificar” o outro, as ideologias confundem-se entre si.

Restam os dados objectivos sobre os quais devemos operar na medida em que nos permitam, e sem perder o sentido de proporção nem o da justiça.

Deixemos que equilibristas e os hipócritas encontrem as justificações para fugir à realidade, que se pode resumir assim:

- A Rússia invadiu a Ucrânia e reafirma a sua vontade imperialista nessa terra.

- O povo ucraniano resiste.

- Os EUA e a NATO são os que mais ganham.

- A Europa é a que mais perde.

- Os desastres para a Europa vão suceder-se.

- O interesse da Europa é romper com esta oposição e impedir todas as lógicas de Ialta.

- Devemos agir nesta direcção, mas com justiça e critério e trabalhando para uma revolução espiritual e cultural que permita libertar os povos europeus da tutela norte-americana.

 


Noreporter

terça-feira, 2 de junho de 2020

Lebensessenz

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O Podcast da transmissão encontra-se disponível no site: 

A Nova Direita Anti-Sistema

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A nova direita anti-sistema. O caso do Chega.
Riccardo Marchi
Edições 70
208 páginas

As últimas eleições legislativas, que ditaram a eleição de um deputado do Chega, terão marcado o fim da imunidade portuguesa à extrema-direita? Este livro, de cariz divulgativo e assumidamente isento, traça as linhas gerais do que são os movimentos nacionalistas, populistas, de extrema direita e direita radical, definindo-os e fixando os conceitos, para depois descrever o contexto português, nomeadamente o partido Chega. Explica a fundação do partido, apresenta os seus fundadores e quadros, e, claro, a indissociável figura de André Ventura. Aponta, ainda, o caminho a trilhar por esta nova força política, os objetivos a que se propõe o partido e possíveis consequências no panorama político e no contexto nacional.

Pré-venda:
https://www.almedina.net/a-nova-direita-anti-sistema-em-portugal-o-caso-do-chega-1590683382.html

Revolução Nacional de 28 de Maio

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O Podcast da transmissão encontra-se disponível no site:

A Tradição, a Comunidade de Destino e o Homem Nacional

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Tradição: para uma estirpe dotada da vontade de voltar a situar a ênfase no âmbito do sangue, é palavra brava e bela. Que a pessoa singular não viva somente no espaço. Que seja, pelo contrário parte de uma comunidade pela qual deve viver e, sucedida a circunstância, sacrificar-se, esta é uma convicção que cada homem com sentimento de responsabilidade possui e que postula à sua maneira particular com os seus meios particulares. A pessoa singular não se encontra, no entanto, ligada a uma comunidade superior unicamente no espaço, mas, de uma forma mais significativa, ainda que invisível, também no tempo. O sangue dos antepassados está latente, fundido com o seu, ele vive dentro de reinos e vínculos que eles criaram, custearam e defenderam. Criar, custear e defender: esta é a obra que ele recebe das mãos daqueles e que deve transmitir com dignidade. O homem do presente representa o ardente ponto de apoio interposto entre o homem do passado e o homem do futuro. A vida relampeja como o rastilho incendiado que corre ao largo da mecha que ata, unidas, as gerações…queima-as, certamente, mas mantém-nas enlaçadas entre si, do princípio ao fim. Em breve também o homem presente será igualmente um homem do passado mas, para conferir-lhe calma e segurança, permanecerá a ideia de que as suas acções e gestos não desaparecerão com ele mas antes constituirão o terreno sobre o qual os vindouros, os herdeiros, se refugiarão com as suas armas e instrumentos.

Isto transforma uma acção num gesto heróico que nunca pode ser absoluto nem completo como fim em si mesmo e que, pelo contrário, encontra-se articulado por meio de um conjunto dotado de sentido e orientação, dados pelos actos dos predecessores e apontando ao enigmático reino daqueles que ainda estão para vir. Obscuros são os dois lados e encontram-se mais para cá e mais para lá da acção, as suas raízes desaparecem na penumbra do passado, os seus frutos caem na terra dos herdeiros… a qual não poderá nunca vislumbrar quem actua e que é todavia nutrida e determinada por estas duas vertentes nas quais justamente se funda o seu esplendor intemporal e a sua sorte suprema. É isto que distingue o herói e o guerreiro face ao mercenário e ao aventureiro: e é o facto de que o herói extrai a sua força de reservas mais elevadas do que as que são meramente pessoais, e que a chama ardente da sua acção não corresponde ao clarão ébrio de um instante mas ao fogo cintilante que funde o futuro com o passado. Na grandeza do aventureiro há algo de carnal, uma irrupção selvagem, e em verdade não privada de beleza, em paisagens variadas… mas no herói cumpre-se aquilo que é fatalmente necessário, fatalmente condicionado: é o homem autenticamente moral e o seu significado não repousa unicamente em si mesmo, nem só no seu dia de hoje, mas é para todos e para todo o tempo.

Qualquer que seja o campo de batalha ou a posição perdida na qual se esteja, ali onde se conserva um passado e se deve combater por um futuro, não há acção que esteja perdida. A pessoa singular certamente pode andar perdida mas o seu destino, a sua sorte e a sua realização, valem em verdade como o crepúsculo que favorece um objectivo mais elevado e mais vasto. O homem privado de vínculos morre, e a sua obra morre com ele, porque a proporção dessa obra era medida só em relação a ele mesmo. O herói conhece o seu crepúsculo mas o seu crepúsculo assemelha-se àquele sangue vermelho do sol que promete uma manhã nova e mais bela. Assim devemos recordar também a Grande Guerra: como um crepúsculo ardente cujas cores já antecipam uma alvorada sumptuosa. Assim devemos pensar nos nossos amigos caídos e ver no seu crepúsculo o sinal da realização, o assentimento mais duro dirigido à própria vida. E devemos olhar longe, com um desprezo imundo, perante o juízo dos negociantes, daqueles que sustêm que “ tudo isto foi absolutamente inútil”, se queremos encontrar a nossa fortuna vivendo no espaço do destino e fluindo na corrente misteriosa do nosso sangue, se queremos actuar numa paisagem dotada de sentido e significado, e não vegetar no tempo e no espaço onde, nascendo, tenhamos chegado por casualidade.

Não: o nosso nascimento não deve ser uma casualidade para nós! Esse nascimento é o acto que nos radica no nosso reino terrestre, o qual, com milhares de vínculos simbólicos, determina o nosso posto no mundo.Com ele convertemo-nos em membros de uma nação, por meio de uma comunidade estreita de laços nativos. E daqui vamos depois ao encontro da vida, partindo de um ponto sólido, mas prosseguindo um movimento que teve início muito antes de nós e que muito depois de nós terá o seu fim. Nós percorremos apenas um fragmento desta avenida gigantesca, neste trecho, todavia, não devemos transportar apenas uma herança inteira mas devemos estar à altura de todas as exigências do tempo.

E agora, certas mentes abjectas, devastadas pela imundície das nossas cidades, surgem para dizer que o nosso nascimento é um jogo de azar, e que “poderíamos perfeitamente ter nascido franceses como alemães”. Certo, este argumento vale precisamente para quem assim pensa. Eles são homens da casualidade e do azar. É-lhes estranha a fortuna que reside no sentir-se nascido por necessidade no interior de um grande destino e de sentir as tensões e lutas desse destino como nossas, e com elas crescer ou inclusive perecer. Essas mentalidades sempre surgem quando a sorte adversa pesa sobre uma comunidade legitimada pelos vínculos do crescimento, e isto é típico delas. Reclama-se aqui a atenção sobre a recente e bastante apropriada inclinação do intelecto de insinuar-se parasitariamente e nocivamente na comunidade de sangue, e a nela falsear a essência em nome do raciocínio…isto é, através do conceito, à primeira vista correcto, de “comunidade de destino”. Da comunidade de destino, no entanto formaria também parte o negro que, surpreendido na Alemanha ao início da guerra, foi envolto no nosso caminho de sofrimento, nas senhas do pão racionado. Uma “comunidade de destino”, neste sentido, é constituída por passageiros de um barco a vapor que se afunda, muito diferentemente da comunidade de sangue: formada esta pelos homens de um navio de guerra que descende até ao fundo com a bandeira ondulando.

O homem nacional atribui valor ao facto de haver nascido entre confins bem definidos: nisto ele vê, antes de tudo, uma razão de orgulho. Quando acontece que trespasse esses confins, não sucede nunca que flua sem forma para além deles mas de modo a alargar com isso o seu espaço no futuro e no passado. A sua força reside no facto de possuir uma direcção, e portanto uma segurança instintiva, uma orientação de fundo que lhe é conferida em dote conjuntamente com o sangue e que não precisa das luminárias mutáveis e vacilantes de conceitos complicados. Assim a vida cresce numa maior unidade, e assim devém ela mesmo unidade, pois cada um dos seus instantes reingressa numa conexão dotada de sentido.

Claramente definido pelos seus confins, por rios sagrados, por férteis vales, por vastos mares: tal é o mundo no qual a vida de uma estirpe nacional se imprime no espaço. Fundada numa tradição e orientada para um futuro longínquo: assim se imprime ela no tempo. Ai daquele que corta as próprias raízes!..esse converter-se-á num homem inútil e num parasita. Negar o passado significa também renegar o futuro e desaparecer entre as ondas esquivas do presente.

Para o homem nacional, por outro lado, subsiste um perigo grande: o de esquecer-se do futuro. Possuir uma tradição comporta o dever de viver a tradição. A nação não é uma casa na qual cada geração, como se fosse um novo estrato de corais, deva acrescentar tão-somente um piso mais, ou onde, por meio de um espaço preestabelecido de uma vez por todas, não sirva outra coisa que continuar a existir, mal ou bem. Um castelo, um palácio burguês, dir-se-ão construídos de uma vez para sempre. Prontamente, todavia, uma nova geração, incentivada por novas necessidades, vê a obrigação de impor importantes modificações. Ou, por outro lado, a construção pode acabar por arder num incêndio, ou terminar destruída, e então um edifício renovado e transformado vem a ser construído sobre os antigos cimentos. Muda a fachada, cada pedra é substituída, e todavia, como se encontra ligada à raça, perdura um sentido do todo específico: a mesma realidade que foi num princípio. Talvez se possa dizer que somente durante o Renascimento ou na idade barroca tenha existido uma construção perfeita. Por acaso então se detinha uma linguagem de formas válida para todos os tempos? Não, mas aquilo que existia então permanece de algum modo oculto no que existe hoje.

Ernst Jünger,"Die Tradition."
 
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