quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Pensar para além da economia
"A minha falta de interesse pela sociologia, marxismo e o resto, deve-se à constatação frequente de que essas disciplinas dão a ilusão de uma explicação global da história, quando, no fundo, apenas tomam em consideração a multidão humana. Não tenho qualquer dúvida de que os milhares de homens inertes e não-criadores têm um comportamento exclusivamente económico — mas também é legítimo dizer que eles se comportam biologicamente ou fisicamente, enquanto objectos submetidos à lei da gravidade. O homem eleito — e qualquer pessoa se pode tornar eleita se for infundida com alma — movem-se a outro nível. No fundo, eu não sei nada sobre o homem real se souber as leis económicas que o obrigam a tornar-se proletário ou a criticar as instituições sociais. Sei coisas essenciais acerca do homem real se observar a reacção da pessoa para com a alma, do homem frente à morte e ao amor, aí está um objecto de investigação. O homem eleito — seja ele Goethe ou um simples mortal, no momento sublime do seu enamoramento. Evidentemente, o homem está integrado numa sociedade e submete-se às suas leis históricas. Mas o homem, ao mesmo tempo, é composto por órgãos e é biológico; é composto por moléculas, e é físico; etc."
Mircea Eliade
in "Diário Português", Guerra e Paz, 2007.
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